sexta-feira, 24 de novembro de 2023

 Venho aqui para liberar, escrever para soltar

Um aperto no peito comecei a sentir

Amar não deveria doer

Me pergunto, será amor?

Deveria me sentir livre e leve

Isso se deve porque sei que o fim se aproxima

Me apeguei a esse sentimento que há tanto não sentia

Deve ser problema meu

A verdade é que terei que dar um jeito

Só não sei como fazê-lo

Como me libertar se é com você que quero estar

... mesmo sabendo que somos tão diferentes, me atrai

Me dói a escassez 

A falta da presença e do cuidado

Sei que não é para mim

Isso rouba meus pensamentos e entorpece minha mente

Só não sei como resolverei

Comprovo que meus medos tinham fundamento

Tenho um coração frágil e mesmo assim abri as portas

E agora me sinto mais só

Antes era só mas isso me sentia cheia

Agora me sinto vazia pelo vácuo que deixou

É difícil imaginar um não futuro

Uma não vida, um não amor

Uma não companhia, um não infindo

O futuro já está selado

A única saída seria viver o agora

Percorrer o caminho

Mas isso me chacoalhou completamente

E tudo dói

Não estou bem

Sei que vai passar

Mas quando?

sexta-feira, 14 de maio de 2021

relatório III

vida que segue e incerteza visceral. o inverno parece ter se antecipado e agora em maio seguem dias nublados e frios, difícil imaginar frio numa cidade tropical, mas meu corpo o detecta e assim descrevo. distante de notícias para a sanidade mental, ouvir notícias pela tv passou a ser torturante assim como a luz artificial da noite, a penumbra seria mais bem-vinda. segurando o fôlego, aguardando sob um teto a tempestade passar, parece que ainda vai demorar, mas mesmo assim, não deixo de ser grata ao que o universo está a me proporcionar. grata sou. grata sou. grata sou. 

o segredo do universo somos nós, o nós que abarca todos os seres viventes, o nós que abarca o inanimado, o que aparentemente não se move mas que invariavelmente não foge da transformação. nós os seres viventes e racionais ...

(texto guardado no rascunho, não lembro se o escrevi ou não, ao parecer incompleto)

sábado, 20 de junho de 2020

"Este momento nunca vai voltar novamente nesta eternidade deste inteiro universo. Cada momento é apenas um momento e não pode ser comparado com nenhum outro. Assim este momento é o da mais alta iluminação. Por que é iluminação? Porque a cada momento nós somos um com todo o universo" 

Dōshō Saikawa Roshi


domingo, 31 de maio de 2020

Relatório II

...e o passar dos dias já não se faz sentir, como se na verdade não importasse, todos os dias são iguais e indiscrimanados numa vida estrita dentro de quatro paredes ditada pela radical circunstância, longe das atribulações frenéticas do mundo laboral e consumista a noção do tempo é consideravelmente alterada. Essa sensação para mim não é inédita, já faz tempo sinto a dimensão temporal quase que anestesiada, mas em tempos de pandemia ela tem se aprofundado. O nascer e pôr de sol continua incessante e obviamente sem traços de anormalidade, por outro lado, não poderia dizer o mesmo do clima, que nessa terra litorânea mais ao norte se vê atipicamente mais afetado com as entradas contudentes e mais frequentes de frentes frias provenientes do gélido sul argentino trazendo dias mais nebulosos e frios, o que combina, diga-se de passagem, com a real situação vivida.  Parece ser tempos de profundas mudanças, poderiam estes ser indicados pelas condições do tempo meteorológico?... ao final faz pouco tempo que condições anômalas também foram detectadas na Antártida onde se registrou recordes de elevação de temperatura chegando a alcançar 20,75ºC em fevereiro, valor nunca antes registrado por meio do monitoramento instrumental do clima, diz cientista brasileiro. Some-se a isso a situação política do país que de tão inacreditável me faz sentir como se estivesse sonhando sem esquecer da devastação que o vírus vem causando. Pode até ser um devaneio da minha mente humana que busca encontrar algum padrão, conexão e significado em quase tudo, seja como for, tudo segue em constante mudança como é de se esperar, só que agora, para rumos mais desconhecidos.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

aqui 
nesse deserto sem consolo
deixo minhas marcas
meu sussurro
para que estes, possam enfim
viajar pelo mundo

sábado, 9 de maio de 2020

esse sentimento
que eu não pensava sentir
dedico-o a ti
que ao se mostrar assim 
me fez momentaneamente sucumbir

você que apareceu do nada
tem nesse instante 
meu coração de morada
mas também 
me faz despedaçar 
pois me confirma 
o que inevitavelmente tenho que soltar

não vou mentir
de que o gosto de sentir
no entanto não vou negar
há rumos que tenho que tomar
talvez eu pule desse barco 
e vá plácida nadar
e quem sabe um dia, quem sabe
voltemos a nos encontrar

E.A

terça-feira, 5 de maio de 2020

Das pessoas que encontramos pela vida

"Somos confluência de influências" ... 
... penso assim já faz um certo tempo, apesar de não poder mensurar as influências é inegável o impacto de certos encontros em nossas vidas. Nos últimos anos passei a ver os encontros de uma maneira diferente ... hoje valorizo a importância do tempo e das circunstâncias, contudo, sem desconsiderar que alguns encontros são impactantes e determinantes na vida. Em meu caso, se não fosse aquele professor de geografia e aquele de história do ensino médio eu não teria cursado geografia na universidade, não teria conhecido aquela amiga que ao me levar pela primeira vez em uma caverna me fez querer estudá-las ... o que me levou a conhecer outros amigos, a explorar cavidades naturais, a descobrir paisagens lindas, a morar na maior metrópole da América do Sul, a ser uma cientista ... me conduzindo a muitos outros lugares no mundo que nunca imaginei que conheceria e viveria. Foi com essas andanças que comecei a perceber melhor o impacto de alguns encontros e a valorizar mais o tempo que se resolve dedicar a eles. Isso é fato, nossas relações se desenvolvem na medida em que dedicamos tempo para construí-las, sem isso, estas não se sustentam e desvanessem. Talvez por incapacidade ou pelas circunstâncias sinto que não dediquei tempo no prolongamento de alguns encontros .... Seria talvez porque no fundo eu soubesse da distância espacial que se daria inevitavelmente...?. Quando a gente passa a morar em lugares diferentes resultam ocorrer sentimentos estranhos com relação ao tempo e aos encontros, como o que poderia ter ocorrido e que pelas novas circunstâncias algumas situações jamais voltaram a ocorrer ... Me refiro a coisas simples, de não poder ter desfrutado uma companhia porque estava cansada, ou estudando, ou sem ânimo, ou qualquer outro motivo ... o passar inexorável do tempo passou a me impactar mais, a perceber que os momentos realmente são únicos e que um conjunto de fatores confluem para que estes ocorram, desperdiçá-los é irreversível. Além disso, ao conhecer tanta gente viajando pelo mundo inevitavelmente encontramos seres com as quais nos identificamos, que nos influencia, no modo de pensar, no modo de agir, que gostaria de passar mais tempo com eles. Talvez o problema seja eu, talvez eu me apegue demais a algunas companhias que desfruto ... mas o fato da distância ser inevitável é muito doloroso e é isso o que mais fere minha alma. É a saudade e nostalgia lacerante. Procuro me confortar com saber que hoje sou o que sou e penso o que penso por ter tido a possibilidade desses encontros em um exato tempo em um determinado espaço edificando-me, o que me conforta é saber que isso sim é permanente e não se perderá jamais.