domingo, 31 de maio de 2020

Relatório II

...e o passar dos dias já não se faz sentir, como se na verdade não importasse, todos os dias são iguais e indiscrimanados numa vida estrita dentro de quatro paredes ditada pela radical circunstância, longe das atribulações frenéticas do mundo laboral e consumista a noção do tempo é consideravelmente alterada. Essa sensação para mim não é inédita, já faz tempo sinto a dimensão temporal quase que anestesiada, mas em tempos de pandemia ela tem se aprofundado. O nascer e pôr de sol continua incessante e obviamente sem traços de anormalidade, por outro lado, não poderia dizer o mesmo do clima, que nessa terra litorânea mais ao norte se vê atipicamente mais afetado com as entradas contudentes e mais frequentes de frentes frias provenientes do gélido sul argentino trazendo dias mais nebulosos e frios, o que combina, diga-se de passagem, com a real situação vivida.  Parece ser tempos de profundas mudanças, poderiam estes ser indicados pelas condições do tempo meteorológico?... ao final faz pouco tempo que condições anômalas também foram detectadas na Antártida onde se registrou recordes de elevação de temperatura chegando a alcançar 20,75ºC em fevereiro, valor nunca antes registrado por meio do monitoramento instrumental do clima, diz cientista brasileiro. Some-se a isso a situação política do país que de tão inacreditável me faz sentir como se estivesse sonhando sem esquecer da devastação que o vírus vem causando. Pode até ser um devaneio da minha mente humana que busca encontrar algum padrão, conexão e significado em quase tudo, seja como for, tudo segue em constante mudança como é de se esperar, só que agora, para rumos mais desconhecidos.

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